Alimentação

Alimentação e risco de COVID-19 – O que a ciência tem falado?

Durante a pandemia do novo Coronavírus, foi identificado desde os primeiros meses como comorbidades para formas graves do COVID-19 a idade e doenças crônicas como: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doença cardíaca, entre outras.

O padrão alimentar juntamente com o estilo de vida das pessoas ficam em evidência, sugerindo que pessoas com padrões saudáveis de estilo de vida, além de evitar as comorbidades, amenizariam também os riscos maiores associados à infecção pelo SARS-Cov2.

Vários estudos têm levantado essa hipótese de que hábitos alimentares poderiam desempenhar um papel importante na infecção pelo COVID-19, gravidade dos sintomas e duração da doença.

Um estudo pioneiro publicado recentemente investigou o padrão alimentar e a gravidade dos sintomas pelo COVID-19 de uma forma observacional (estudo caso-controle) em profissionais da saúde na linha de frente e identificou:

– Pessoas com padrão alimentar A (baseado em plantas) reduziram em 73% risco de sintomas moderados ou graves de COVID-19, comparado a quem ingere uma dieta pobre em carboidratos e rica em proteínas.

– Pessoas com padrão alimentar B (baseado em plantas e pesco vegetarianos – ingerem peixes e frutos do mar) reduziram em 59% risco de sintomas moderados e graves de COVID-19, comparado a quem ingere uma dieta pobre em carboidratos e rica em proteínas.

– Pessoas com padrão alimentar C (baixo teor de carboidratos e alto teor de proteínas) aumentou em quase 4 vezes as chances de sintomas moderados/graves de COVID-19 quando comparado a quem se alimenta a base de plantas

Impressionante, não é mesmo? Vamos tentar entender quais as diferenças nesses padrões alimentares.

Neste estudo, as pessoas que se alimentam a base de plantas e os pesco vegetarianos ingerem mais vezes por semana legumes, vegetais e nozes; e menos vezes por semana aves e carnes vermelhas e processadas.

A diferença da ingestão da aves e carne vermelha e processada era na média de:

  • Padrão A ingeria: 1,2x/semana aves e 1,3x/semana carne vermelha/processada
  • Padrão B ingeria: 1,3x/semana aves e 1,7x/semana carne vermelha/processada
  • Padrão C ingeria: 2,3x/semana aves e 3,8x/semana carne vermelha/processada.

O risco de contrair o COVID-19 e a duração da doença não foi diferente entre os grupos.

Os estudos observacionais, como esse mencionado aqui, tem algumas limitações; no entanto, é muito difícil realizar estudos prospectivos com bases em padrões dietéticos principalmente em meio a uma pandemia.

As conclusões desse estudo vão de encontro a outros dados da literatura que sugerem que dietas à base de plantas são ricas em nutrientes, especialmente fitoquímicos (polifenóis, carotenóides) que podem ter efeito antiviral e antinflamatório; além da maior ingestão de fibras, vitaminas A, C, E, folato e minerais (ferro, potássio, magnésio) poder reduzir o risco de infecções respiratórias, como resfriado comum e pneumonia, e encurtar a duração dessas doenças.

Supõe-se que esses nutrientes apoiem o sistema imunológico, pois desempenham papéis importantes na produção de anticorpos, proliferação de linfócitos e redução do estresse oxidativo.

Outros estudos levantaram a hipótese de que um padrão alimentar não saudável, como dietas ocidentais com alto teor de açúcares refinados, alimentos processados e carnes vermelhas e processadas, podem ser pró-inflamatório e ter impactos negativos na saúde.

Extrapolando os dados desse estudo e embasado pelos potenciais benefícios de uma dieta baseada em plantas, que tal investir em aumentar o número de vezes por semana que você come verduras, legumes e nozes e reduz 1, 2  ou mais dias a ingestão de carnes?

Esse pode ser um importante passo que você dará em direção a melhorar sua saúde, longevidade, riscos de doença e imunidade.

Dra. Andréa Cunha

Médica Endocrinologista e Metabologista CRMMG 34.892 RQE 11314 Certificada em Medicina do Estilo de Vida Instagram: @draandreacunha

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