O que é gota?
A gota é uma doença comum e tratável causada por deposição de cristais de urato monossódico em estruturas articulares e extra-articulares.
CONHEÇA AS CAUSAS
Para que o quadro de gota possa se desenvolver, a hiperuricemia (aumento do ácido úrico no sangue) é o principal fator de risco. São considerados elevados, em geral, os níveis de ácido úrico acima de 7mg/dl.
Também são fatores de risco a síndrome metabólica, a doença renal crônica, o uso de medicações como os diuréticos e a ciclosporina e algumas outras doenças como a psoríase e as síndromes mieloproliferativas.
É FREQUENTE?
Sua prevalência varia de 0,68 a 3,9% da população adulta, sendo 2 a 4 vezes mais comum nos homens, chegando a 8 vezes em alguns estudos.
COMO SE APRESENTA?
Apresenta-se como surtos de artrite extremamente dolorosa, conhecidos como crises de gota. Estes episódios são caracterizados por edema (inchaço), dor, hiperemia (vermelhidão) e limitação dos movimentos. Podem ser acompanhados de febre e calafrios e geralmente evoluem muito rapidamente com piora da intensidade da dor, chegando no seu nível máximo em cerca de 12 horas. Na ausência de tratamento, as crises costumam ser autolimitadas e durar entre 7 e 14 dias.
As crises ocorrem com mais frequência em apenas uma articulação, embora isto possa variar. Comumente a primeira crise ocorre numa articulação do pé sendo conhecida como podagra.
Entre uma crise e outra, costumam haver períodos intercríticos, onde não há sintomatologia presente. Com o passar do tempo, entretanto, podem aparecer tofos, artrite gotosa crônica e deformações articulares.
Os tofos são depósitos de cristais que formam tumorações firmes e duras que podem limitar os movimentos ou serem esteticamente indesejadas. Podem, ainda, ulcerar liberando o material que está ali acumulado ou apresentar infeção no local.
SE TIVE UM EPISÓDIO, TEREI OUTROS?
Algumas pessoas podem apresentar uma única crise, mas esta não é a regra. A recorrência das crises é de difícil previsão, mas em geral está associada à gravidade da hiperuricemia. E embora haja esta apresentação na forma de surtos, a gota é uma doença crônica. Assim, para que haja prevenção de novas crises e melhora da qualidade de vida, precisamos reduzir o ácido úrico de forma mantida, revertendo a hiperuricemia e dissolvendo os cristais de urato.
As crises podem ser desencadeadas por refeições de alto teor de purina como as carnes vermelhas e frutos do mar, pela ingesta de álcool (de forma especial a cerveja) ou de bebidas açucaradas, por trauma no local ou alguma outra doença aguda.
TEM TRATAMENTO
Durante as crises são usadas medicações anti inflamatórias, corticóides, colchicina e inibidores da IL-1 além de medidas não farmacológicas como gelo local, repouso, assistência quanto à mobilidade, nutrição e hidratação adequados.
Mas o foco principal do tratamento é a redução dos níveis de urato mantendo-os abaixo de 5 a 6mg/dl. As evidências científicas mostram que manter estes níveis baixos leva à supressão das crises, redução dos tofos e previne danos articulares.
Deve-se avaliar o IMC (Índice de Massa Corporal) recomendando a perda de peso nos pacientes obesos, a pressão arterial, a creatinina e a hemoglobina glicosilada, investigando outras doenças crônico-metabólicas associadas (hipertensão, doenças renais e diabetes).
COMO PREVENIR?
O manejo alimentar nem sempre é suficiente e aparentemente as intervenções dietéticas parecem ter pouca eficácia. Ainda assim, são recomendadas a ingestão de dietas equilibradas que auxiliem no controle do peso e da pressão arterial e a diminuição do consumo de álcool e de bebidas açucaradas.
Manter hábitos saudáveis e avaliar os níveis de ácido úrico são a melhor forma de evitar o desenvolvimento e os surtos de gota com consequente prevenção das suas complicações.
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Baseado no artigo Gout, de N Dalbeth, AL Gosling, A Gaffo e A Abhishek, no The Lancet em 15 de maio de 2021