Comida x Felicidade – Vamos entender essa relação?
Os chamados “confort foods” são alimentos carregados de açúcar e ricos em gordura, como: sorvete; doces; chocolate ao leite; pizza; hambúrgueres e alimentos ultraprocessados em geral. Muitas vezes, recorremos a estes alimentos quando estamos estressados ou deprimidos, buscando aquela sensação de bem-estar e conforto emocional.
Estudos recentes sugerem que, na verdade, esse tipo de alimento, por mais reconfortantes que nos parecem ser no primeiro momento, são os que menos beneficiam nossa saúde mental.
Há um campo emergente de pesquisa conhecido como Psiquiatria Nutricional, que examina a relação entre dieta e bem-estar mental. A ideia de que comer certos alimentos pode promover a saúde do cérebro, da mesma forma que a saúde do coração, tem sido investigada em vários estudos.
O ponto de conexão entre o tipo de alimentação e nossa saúde mental parece estar em nosso intestino. Uma dieta saudável promove um intestino saudável, que se comunica com o cérebro por meio do que é conhecido como eixo intestino-cérebro.
O intestino, esse surpreendente órgão, tem cerca de 500 milhões de neurônios e aloja trilhões de microrganismos entre bactérias, protozoários e fungos.
Os micróbios no intestino, conhecidos como microbioma intestinal, produzem neurotransmissores como serotonina (cerca de 90% de toda serotonina do corpo) e dopamina, que regulam nosso humor e emoções, e tem sido implicado em vários resultados na nossa saúde mental.
Essas pesquisas médicas têm mostrado que nosso microbioma intestinal desempenha um papel modelador em uma variedade de transtornos psiquiátricos, incluindo o transtorno depressivo maior.
Grandes estudos populacionais também descobriram que pessoas que comem muitos alimentos ricos em nutrientes relatam menos depressão e maiores níveis de felicidade e bem-estar mental. Num estudo, pessoas com diagnóstico de depressão após adotarem uma dieta saudável melhoraram muito seus sintomas e cerca de 33% delas não foram mais classificadas como deprimidas.Os alimentos protetores que aparecem nessas pesquisas são: uma variedade de frutas; legumes; verduras; alimentos integrais; peixes; ovos; nozes; sementes; feijões e alimentos fermentados como iogurte.
Além desses alimentos fazerem bem para o microbioma intestinal, sendo considerados alimentos antinflamatórios, eles também ajudam a promover a produção de compostos como o fator neurotrófico derivado do cérebro, ou BDNF, uma proteína que estimula o crescimento de novos neurônios e ajuda a proteger os já existentes. Alguns desses alimentos são ricos em triptofano, que é um precursor na produção de serotonina e dopamina.
Tais alimentos também contêm grandes quantidades de fibra, gordura insaturada, antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e outros nutrientes que comprovadamente melhoram a saúde intestinal, metabólica e reduzem a inflamação, os quais podem afetar positivamente o cérebro.
Ainda não há um consenso de se recomendar a mudança da dieta para tratamento de pacientes com problemas de saúde mental, pois os especialistas dizem que mais pesquisas são necessárias antes que eles possam prescrever uma dieta específica para a saúde mental.
Mas, muitos médicos e psiquiatras especialistas em saúde pública de vários países ao redor do mundo começaram a encorajar os pacientes a adotar comportamentos de estilo de vida saudável como exercícios, sono restaurador, uma dieta saudável e evitar o fumo, o que, conjuntamente, pode reduzir a inflamação e produzir benefícios para o cérebro e humor.
Há dados que revelam que um estilo de vida saudável, incluindo a alimentação, é capaz de evitar, tratar e até reverter várias doenças crônicas, inclusive ansiedade e depressão.
Depois dessa informação, na próxima vez que se sentir ansioso ou nervoso e der aquela vontade de comer algo, que tal degustar alimentos como frutas, nozes, sementes ou iogurte?
Referência: https://www.nytimes.com/2021/05/06/well/eat/mental-health-food.html?referringSource=articleShare